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– Que adianta o sonho de uma vida bucólica se nós já estamos contaminados com todas as doenças da cidade grande? Não falo da gripe, mas da falsa segurança de farmácias 24h e hospitais com UTI; não é sobre depressão, mas sobre individualismo; não é a obesidade, mas a preguiça de plantar o que comer; não são os problemas de coluna, mas o conforto de espumas e molas para todos os lados…
Não é a neurose dos horários apertados e dos engarrafamentos, mas a satisfação em ter uma agenda cheia, compromissos sempre por vir, alimentando a ansiedade da gente; não é a ansiedade da gente, mas a sensação interminável de que a vida está passando e é curta. De que adiantarão, então, o silêncio acolhedor da natureza, o cheiro sempre fresco de folhas, frutas e terra molhada; a tranquilidade de uma rotina condicionada não por horários marcados, mas pelo nascer e morrer do sol?

– Ora, é aí que adianta a vida, mulher: não pensar que está vivendo; só viver de verdade.

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